Internacional

Neocolonialismo: Raízes da Crise no Haiti Emergem em Relações Internacionais

A tragédia social, política e econômica que assola o Haiti tem suas origens profundamente enraizadas nas relações neocoloniais estabelecidas com potências globais, destacou o antropólogo haitiano Handerson Joseph em entrevista à Agência Brasil. O país caribenho enfrenta mais uma vez a iminência de uma intervenção internacional, alimentada por interesses estrangeiros que perpetuam a instabilidade e a governabilidade precária.

A crise multifacetada que assola o Haiti é em parte resultado das relações neocoloniais que a comunidade internacional, liderada pelas potências europeias e pelos Estados Unidos, estabeleceu com o pequeno país caribenho. Essa análise provém do haitiano e doutor em antropologia social Handerson Joseph, destacado pesquisador no Brasil em estudos sobre o Caribe e imigrações. Segundo ele, “a estabilidade e governabilidade política e econômica do Haiti são incompatíveis com os interesses estrangeiros”.

Diferentemente do colonialismo, onde o controle de uma nação por outra é direto e muitas vezes envolve presença militar permanente, o neocolonialismo opera de forma mais sutil, através de relações econômicas desiguais e influência política. Joseph destaca que as relações da elite política haitiana com interesses estrangeiros obstruem as possibilidades de melhora, enquanto as intervenções internacionais aumentam a dependência do país em relação à comunidade internacional.

O antropólogo ressalta que as intervenções estrangeiras, longe de promoverem mudanças estruturais, geralmente se concentram na militarização e no policiamento, ao invés de na reestruturação das instituições estatais. Ele critica a cobertura midiática nacional e internacional por apresentar uma visão simplista e estigmatizadora do Haiti, sem abordar as causas profundas da crise e as táticas de destruição sistemática do país.

Natural de Porto Príncipe, Handerson Joseph migrou para o exterior após concluir o ensino médio e hoje é professor de antropologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele destaca que a crise atual é resultado de uma longa história de interferências externas, desde a independência do país em 1804, quando os haitianos derrotaram os impérios inglês, espanhol e francês, até os embargos econômicos e as intervenções estrangeiras que minaram a estabilidade política e econômica do país.

Fonte: Fonte: artigo adaptado da Agência Brasil

Imagem: Reprodução

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