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Mauro Cid expressa frustração com linha investigativa da PF em depoimento no STF

Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro, diz no STF estar frustrado com a interpretação da PF sobre sua delação na trama golpista de 2022.

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, declarou, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) na segunda-feira (9), estar frustrado com a linha investigativa da Polícia Federal (PF) em relação às declarações prestadas em sua delação premiada. A audiência, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, marcou o início dos interrogatórios dos réus do núcleo central da trama golpista de 2022.

Contexto do depoimento

Cid, que firmou acordo de colaboração com a PF em setembro de 2023, relatou sentir que os investigadores tinham uma visão pré-definida dos fatos, diferente de sua narrativa. “Eles tinham uma linha investigativa e eu tinha outra visão dos fatos. Houve uma frustração do que eu estava contando não estar na linha da PF”, afirmou. A delação, que embasou a denúncia contra Bolsonaro e outros 36 indiciados, é alvo de questionamentos por supostas omissões e contradições.

Detalhes da audiência

Moraes questionou Cid sobre áudios vazados pela revista Veja, nos quais ele alegava pressão da PF para confirmar uma narrativa específica. Cid esclareceu que os áudios eram um “desabafo” informal e negou coação, afirmando que “nenhum membro da PF o coagiu a falar algo que não teria acontecido”. A audiência durou cerca de três horas, com a defesa de outros réus buscando contradições para tentar anular o acordo.

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Impacto da delação

A delação de Cid é central na investigação da PF sobre a tentativa de golpe após as eleições de 2022. Ele citou três grupos no entorno de Bolsonaro: um conservador, que defendia a liderança da oposição; um moderado, contra ações golpistas; e um radical, que incentivava um golpe. Apesar de mencionar figuras como Michelle e Eduardo Bolsonaro na ala radical, a PF não encontrou provas suficientes para indiciá-los. O acordo, mantido por Moraes, segue válido, mas a defesa de Bolsonaro contesta sua credibilidade.

Perspectivas e controvérsias

A PF chegou a sugerir a anulação da delação por omissões, como a falta de menção a um plano de assassinato contra Lula, Alckmin e Moraes. No entanto, Moraes decidiu pela manutenção após esclarecimentos. Advogados de réus, como Celso Vilardi, que defende Bolsonaro, criticam a delação como “questionável” e buscam nulidades. A audiência de Cid abre a semana de depoimentos no STF, que ouvirá outros réus até sexta-feira (13).

Com informações de Folha de S.Paulo, CNN Brasil e STF.