Como o ChatGPT Escreve Artigos e Seus Limites, Segundo Estudo Brasileiro
Um estudo conduzido por pesquisadores brasileiros da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), publicado na revista Nature, analisou o estilo de redação de artigos científicos gerados pelo ChatGPT, modelo de inteligência artificial (IA) desenvolvido pela OpenAI. A pesquisa revelou que textos produzidos pela IA seguem um padrão previsível, com estruturas repetitivas e linguagem polida, mas carecem de originalidade e profundidade em alguns casos. A descoberta levanta debates sobre o uso de ferramentas de IA na produção acadêmica e suas implicações éticas.
Características do Estilo do ChatGPT
Os pesquisadores, liderados pela linguista Roxana Pessoa Cavalcanti, examinaram 120 artigos gerados pelo ChatGPT em diversas áreas, como biologia, física e ciências humanas. O estudo identificou que os textos da IA apresentam frases longas e complexas, com vocabulário técnico e tom formal, mas frequentemente repetem estruturas sintáticas e carecem de nuances contextuais. Por exemplo, a IA tende a usar conectivos redundantes, como “além disso” e “portanto”, e evita posicionamentos críticos, mantendo um tom neutro que pode soar genérico.
Implicações para a Academia
A pesquisa destaca que, embora o ChatGPT seja capaz de produzir textos coerentes e bem estruturados, ele não substitui a criatividade e o rigor analítico de pesquisadores humanos. A falta de originalidade nos textos gerados pode limitar sua utilidade em artigos científicos, que exigem insights inovadores e argumentos bem fundamentados. Além disso, o uso indiscriminado de IA levanta preocupações éticas, como a possibilidade de plágio não intencional ou a ausência de atribuição adequada às fontes. A comunidade acadêmica, segundo os autores, precisa estabelecer diretrizes claras para o uso dessas ferramentas.
Desafios e Oportunidades
O estudo também aponta oportunidades para melhorar as IAs. Modelos futuros poderiam ser treinados para evitar repetições estilísticas e incorporar maior diversidade cultural e contextual nos textos. Para Cavalcanti, a colaboração entre cientistas e desenvolvedores de IA é essencial para criar ferramentas mais adaptadas às necessidades acadêmicas. No Brasil, onde o acesso a recursos de pesquisa pode ser limitado, a IA poderia democratizar a produção científica, desde que usada com responsabilidade.
A análise do estilo do ChatGPT revela tanto suas potencialidades quanto suas limitações. Para a academia brasileira, especialmente no Nordeste, o desafio é integrar essas tecnologias de forma ética, garantindo que elas complementem, e não substituam, o trabalho humano. Investir em educação e diretrizes claras será crucial para que a IA contribua para o avanço da ciência sem comprometer a originalidade e a qualidade do conhecimento produzido.
Da redação com informações de Revista Pesquisa FAPESP
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