SEO está com os dias contados? Nova era prioriza conteúdos para IAs, não humanos
Empresas investem em visibilidade nos chatbots como o ChatGPT, criando conteúdos que influenciam as respostas geradas por inteligência artificial
Com a ascensão de ferramentas como o ChatGPT, a maneira como buscamos e consumimos informações na internet está passando por uma transformação radical. Essa nova dinâmica ameaça diretamente a hegemonia do SEO (Search Engine Optimization), que por décadas dominou o marketing de conteúdo digital com foco em ranqueamento no Google.
Em vez de tentar aparecer entre os primeiros resultados do buscador, empresas agora concentram seus esforços em garantir que a inteligência artificial tenha acesso e destaque a seus conteúdos. Esse movimento abre espaço para estratégias como GEO (Generative Engine Optimization), AEO (Answer Engine Optimization) e AIO (Artificial Intelligence Optimization) — termos que, embora diferentes, traduzem o mesmo objetivo: influenciar o que a IA lê e responde.
Conteúdo feito para bots, não para leitores
Uma das pioneiras desse modelo é a startup Profound, que desenvolveu um serviço de análise da presença de marcas nas respostas geradas pelo ChatGPT. A empresa dispara milhões de interações com o chatbot, detecta lacunas e sugere ajustes em conteúdos para melhorar a visibilidade das marcas, mesmo quando elas atuam em nichos que nunca foram prioridade no Google.
O pesquisador Diogo Cortiz, entrevistado no podcast Deu Tilt, destaca que a disputa agora é para garantir que a IA reconheça e utilize certos conteúdos em seus treinamentos e respostas. “Acho que o SEO não é descartável porque os mecanismos de busca continuam usando essas técnicas. Tudo isso ainda é muito experimental”, explica.
Mas algumas práticas estão longe de ser convencionais. Um estudo da pesquisadora Himabindu Lakkaraju, da Universidade de Harvard, revelou como sequências estratégicas de texto inseridas em conteúdos online podem “guiar” o comportamento de IA para recomendar determinadas marcas — e só a IA consegue ler essas sequências.
Quando a IA entra no Tinder
Essa mudança de paradigma não se limita ao conteúdo corporativo. A IA já está sendo usada até na vida amorosa. Segundo a pesquisa “Solteiros na América”, conduzida pela Match Group em parceria com o Kinsey Institute, 26% dos solteiros afirmaram usar IA como apoio em paqueras no Tinder, o que representa um salto de 333% em relação ao ano anterior.
“As pessoas estão delegando para o ChatGPT a forma como elas vão se vender para o crush”, comentou o jornalista Helton Simões Gomes no mesmo podcast. De mensagens de apresentação a decisões sobre com quem sair, a IA se torna conselheira amorosa em tempo integral.
IA e vídeos realistas: uma nova preocupação
Enquanto isso, ferramentas como o Veo 3, do Google, aumentam o desafio de detectar conteúdos manipulados. Os vídeos ultrarrealistas produzidos por IA já estão exigindo sistemas de rotulagem desenvolvidos por coalizões como a C2PA, formada por empresas de tecnologia para garantir a autenticidade de mídias digitais.
Computação quântica no horizonte
Por fim, a nova temporada do podcast também explora os avanços na computação quântica. Google, Microsoft e IBM anunciaram neste ano importantes saltos rumo ao uso cotidiano de tecnologias baseadas em física quântica — uma homenagem aos cem anos dos fundamentos lançados por nomes como Planck, Bohr e Heisenberg. A Unesco, inclusive, declarou 2025 como o Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quântica.
Enquanto isso, o SEO tradicional, baseado em palavras-chave e algoritmos de busca, caminha para um lugar cada vez menos relevante no mundo digital. O futuro dos conteúdos parece cada vez mais moldado pelas demandas dos modelos generativos, e menos pelas intenções humanas explícitas.
Com informações do UOL Tilt, [CBT-ONA-20250710-2229-03M]