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Medidas contra Bolsonaro provocam reações da Direita: “Venezuela está com inveja”


Deputados como Nikolas Ferreira e Bia Kicis atacam STF após novas medidas restritivas contra o ex-presidente

A nova fase da ofensiva jurídica contra Jair Bolsonaro (PL) provocou uma reação em cadeia entre aliados do ex-presidente, após a Polícia Federal cumprir mandados de busca e apreensão em sua casa nesta sexta-feira (18), em Brasília. Entre os itens encontrados, estavam ao menos US$ 14 mil em espécie — o que reforçou a suspeita, já aventada pela PF, de risco de fuga para o exterior.

Bolsonaro foi formalmente proibido de acessar redes sociais, conversar com diplomatas ou o próprio filho Eduardo Bolsonaro, além de ser obrigado a usar tornozeleira eletrônica e cumprir recolhimento noturno domiciliar. A medida foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023.

PF vê tentativa de coação e conspiração com autoridades estrangeiras

Segundo despacho da PF, tanto Bolsonaro quanto Eduardo Bolsonaro atuaram “ao longo dos últimos meses, junto a autoridades governamentais dos Estados Unidos da América com o intuito de obter a imposição de sanções contra agentes públicos do Estado Brasileiro”. O relatório ainda aponta risco real de obstrução de Justiça e coação de testemunhas.

O ex-presidente já é réu no STF e teve as alegações finais apresentadas nesta semana pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que pede sua condenação por cinco crimes. A PGR considera que houve uma trama golpista arquitetada com militares e assessores próximos. A operação da PF desta sexta-feira também mirou o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e outros aliados de confiança do ex-mandatário.

Reação bolsonarista: “Venezuela está com inveja”

Logo após a operação, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) foi às redes sociais comparar o Brasil à Venezuela. “Busca e apreensão, tornozeleira, proibição de falar com embaixadores, diplomatas e até com o próprio filho Eduardo. Isso tudo um dia após Bolsonaro receber uma carta de apoio de Trump. Venezuela está com inveja”, publicou no X (antigo Twitter).

Em nova postagem, Nikolas fez uma analogia com o caso Lula. “Lula foi condenado em três instâncias e posteriormente preso. Nunca o vi proibido de falar com alguém, usando tornozeleira ou sem ter acesso às redes sociais. Ele ainda chegou a conceder entrevista de dentro da prisão. Na democracia relativa as coisas são bem diferentes”, escreveu o deputado.

Bia Kicis e os protestos à margem da legalidade

A deputada Bia Kicis (PL-DF) também se pronunciou, chamando a operação de “show midiático” e sugerindo que há perseguição política contra Bolsonaro. Ela afirmou que as medidas impostas pelo STF “mancham a imagem do Judiciário” e que “a luta pela liberdade será intensificada”.

A base bolsonarista planeja novos atos de apoio ao ex-presidente, mesmo diante do desgaste político causado pelas revelações de suposto envolvimento com tentativas de sanções internacionais contra o Brasil.

Bolsonaro admite apreensão e se diz alvo político

Em breve declaração nesta sexta-feira, Bolsonaro confirmou que parte dos dólares apreendidos lhe pertenciam, mas disse que o valor era inferior a US$ 10 mil. “O dinheiro estava comigo, fruto de palestras no exterior. Tudo declarado, nada ilegal”, afirmou. Ele acrescentou: “Estou sendo perseguido politicamente. Mas continuo firme pela verdade.”

Apesar da retórica defensiva, Bolsonaro não negou os encontros com figuras da ultradireita americana nos últimos meses — nem comentou as acusações de articulação com o entorno de Donald Trump para pressionar o governo Lula.

Escalada de restrições levanta debate sobre soberania e judicialização

Enquanto apoiadores falam em “perseguição judicial”, juristas defendem que as medidas são proporcionais diante das evidências acumuladas. “O conjunto probatório indica riscos concretos à soberania nacional, inclusive com interlocução externa. Não se trata mais de retórica, mas de condutas com efeitos internacionais”, afirmou o procurador aposentado Luís Carlos Lima.

A crise expõe, mais uma vez, o choque entre instituições e o esgotamento do discurso golpista bolsonarista. Mas também levanta o alerta sobre o uso da judicialização como arma de contenção política — num país que ainda não cicatrizou os traumas do 8 de janeiro.

Com informações de CNN Brasil, G1, Agência Brasil e Pleno.News

[18-07-2025-16h55UTC-3]

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