Estudo Sugere que Terra Está em um ‘Imenso Vazio’ Cósmico
Um estudo apresentado pela Universidade de Portsmouth no Encontro Nacional de Astronomia da Royal Astronomical Society, em julho de 2025, propõe que a Terra e a Via Láctea podem estar localizadas em um vazio cósmico de cerca de um bilhão de anos-luz de raio, com densidade 20% menor que a média universal. Essa hipótese, liderada pelo astrofísico Indranil Banik, busca explicar a tensão de Hubble, uma discrepância nas medições da taxa de expansão do universo, desafiando os modelos cosmológicos tradicionais.
A Tensão de Hubble
A constante de Hubble mede a velocidade de expansão do universo, mas diferentes métodos geram resultados conflitantes. Observações da radiação cósmica de fundo, que reflete o universo primordial, indicam uma expansão mais lenta, enquanto medições de galáxias próximas sugerem um ritmo mais acelerado. Essa discrepância, conhecida como tensão de Hubble, questiona o modelo padrão da cosmologia, que assume uma distribuição uniforme de matéria em grandes escalas. O estudo propõe que um vazio local pode distorcer essas medições, criando a ilusão de uma expansão mais rápida.
O Papel das Oscilações Acústicas de Bárions
A hipótese se baseia nas oscilações acústicas de bárions (BAOs), ondas sonoras primordiais do Big Bang que funcionam como uma “régua cósmica” para medir a expansão do universo. Dados de duas décadas de BAOs sugerem que a Terra está em uma região com menos galáxias do que a média, o que faz a matéria fluir para áreas mais densas, aumentando a percepção local de expansão. Segundo Banik, o modelo com vazio é cem milhões de vezes mais provável do que o modelo padrão ajustado aos dados do satélite Planck.
Controvérsias e Implicações
A ideia de um vazio cósmico é controversa, pois contradiz a suposição de uniformidade do modelo cosmológico padrão. Críticos argumentam que um vazio tão grande seria improvável, mas contagens de galáxias próximas apoiam a hipótese, mostrando uma densidade menor na nossa região. Se confirmada, a teoria pode redefinir a compreensão da estrutura do universo, sugerindo que nossa posição em um vazio local distorce as medições da constante de Hubble, explicando as discrepâncias observadas.
Próximos Passos
Os pesquisadores planejam testar a hipótese com cronômetros cósmicos, galáxias sem formação estelar recente, cuja idade e desvio para o vermelho ajudam a estimar a expansão ao longo do tempo. Caso os dados reforcem a existência do vazio, a cosmologia pode precisar de uma revisão profunda. A descoberta destaca como a posição da Terra no universo pode influenciar nossa percepção da expansão cósmica, desafiando paradigmas e abrindo novas perspectivas para a ciência.
A hipótese do vazio cósmico oferece uma solução intrigante para a tensão de Hubble, mas exige mais evidências para ganhar aceitação. Para o Brasil, onde a pesquisa astronômica avança em instituições como o Observatório Nacional, o estudo pode inspirar investigações sobre a estrutura do universo, reforçando a importância da ciência na compreensão do nosso lugar no cosmos.
Da redação com informações de G1
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