Nova plataforma interativa revela dados inéditos sobre a Lei Rouanet e movimentação bilionária em 2024

Ferramenta detalha origem e destino de recursos, principais captadores e investidores da cultura no Brasil

Uma nova plataforma digital promete mudar a forma como o público acessa e compreende os dados da Lei Rouanet, um dos principais mecanismos de fomento à cultura no Brasil. Lançado nesta segunda-feira (7), o Painel de Dados da Lei de Incentivo à Cultura é uma iniciativa gratuita e interativa criada pela Prosas, com o objetivo de ampliar a transparência e qualificar o debate sobre políticas culturais no país.

O painel sistematiza informações públicas extraídas do Salic (Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura), mantido pelo Ministério da Cultura, permitindo identificar quem recebe e quem doa recursos por meio da lei de incentivo. Além disso, o painel oferece recortes regionais e a possibilidade de analisar dados por conglomerado econômico, superando as limitações de consultas apenas por CNPJs individuais.

Segundo o levantamento mais recente da plataforma, os projetos culturais brasileiros captaram quase R$ 3 bilhões em 2024, valor que representa um salto em relação aos anos anteriores. Em 2021 e 2022, os recursos captados giraram em torno de R$ 2,1 bilhões, subindo para R$ 2,3 bilhões em 2023.

Além do crescimento financeiro, os dados mostram um aumento expressivo em outros indicadores: número de proponentes, projetos apoiados, CNPJs incentivadores e doações feitas por pessoas físicas. Apesar de ainda existir uma concentração de recursos nas regiões Sul e Sudeste, observa-se um movimento de descentralização: o Sudeste, por exemplo, que reunia 78% dos investimentos em 2021, caiu para 71,9% em 2024.

Leia Também:  China jamais permitirá que qualquer pessoa ou força separe Taiwan de seu território, afirma porta-voz

Empresas localizadas nas regiões Sudeste e Sul continuam priorizando investimentos em seus próprios estados — 83,7% e 76,4% dos aportes, respectivamente. Já no Norte do país, esse índice é de apenas 13,2%, com a maior parte dos recursos destinados a iniciativas do Sul e Sudeste. Mesmo assim, a leve redistribuição geográfica indica um esforço por maior equidade na aplicação dos incentivos.

Principais captadores e investidores

Entre as organizações que mais captaram recursos pela Lei Rouanet em 2024 estão:

  1. Masp (Museu de Arte de São Paulo) – R$ 46,7 milhões
  2. Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) – R$ 40,9 milhões
  3. IDG (Instituto de Desenvolvimento e Gestão) – R$ 36,9 milhões
  4. Orquestra Sinfônica Brasileira – R$ 35,2 milhões
  5. Instituto Inhotim – R$ 31,4 milhões

Na outra ponta, as empresas que mais investiram em projetos culturais foram:

  1. Vale – R$ 189,7 milhões
  2. Petrobras – R$ 170,4 milhões
  3. Grupo Itaú – R$ 122,8 milhões
  4. Nubank – R$ 112 milhões
  5. Shell – R$ 84,5 milhões

A plataforma tem patrocínio do Instituto Equatorial e conta com apoio institucional de entidades como o GIFE (Grupo de Institutos Fundações e Empresas) e a Comunitas. O objetivo, segundo os idealizadores, é oferecer uma ferramenta acessível para pesquisadores, jornalistas, gestores públicos e cidadãos interessados em acompanhar o uso de recursos públicos via incentivos fiscais.

O lançamento do Painel de Dados ocorre em um momento de crescente discussão sobre o papel da cultura no desenvolvimento econômico e social do país, e reforça a importância da transparência na aplicação dos recursos incentivados.

Leia Também:  “Shape Pokémon”: a nova tendência fitness que inspira mulheres

Por Redação Movimento Pb
Jornalismo com propósito, cultura e cidadania.

Compartilhar: