Economia

Como o Brasil Pode Responder às Tarifas de 50% dos EUA: Estratégias e Limitações

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025, anunciada em 9 de julho, colocou o Brasil em uma posição delicada no cenário comercial global. Citando um suposto déficit comercial — desmentido por dados oficiais que mostram um superávit de US$ 410 bilhões para os EUA nos últimos 15 anos — e a perseguição judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Trump intensificou as tensões bilaterais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu retaliar com base na Lei da Reciprocidade Econômica, mas especialistas alertam que a capacidade do Brasil de contra-atacar é limitada, exigindo estratégias que combinem diplomacia e diversificação comercial.

Instrumentos da Lei da Reciprocidade

Sancionada em abril de 2025, a Lei da Reciprocidade Econômica autoriza o Brasil a adotar contramedidas contra barreiras comerciais unilaterais. Entre as opções estão a imposição de sobretaxas ou restrições a importações americanas, como motores, combustíveis, aeronaves e gás natural, que totalizaram US$ 40,7 bilhões em 2024. Outras medidas incluem suspender acordos comerciais ou, em casos extremos, direitos de propriedade intelectual, como patentes e royalties. Lula anunciou a formação de um grupo com empresários de setores como suco de laranja, aço e Embraer para avaliar os impactos e planejar ações, que também incluem buscar uma avaliação da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a legalidade das tarifas americanas.

Estratégias de Retaliação e Diversificação

Uma retaliação direta, como impor tarifas de 50% sobre produtos americanos, é uma possibilidade, mas especialistas como Carlos Gustavo Poggio, da Berea College, alertam que isso pode ser mais simbólico do que eficaz. Os EUA são o segundo maior destino das exportações brasileiras (US$ 40,4 bilhões em 2024), enquanto o Brasil representa uma fração menor do comércio americano, limitando o impacto de contramedidas. Poggio sugere buscar apoio de setores americanos afetados, como importadores de café e carne, para pressionar Trump. Outra estratégia é diversificar mercados, redirecionando produtos como petróleo e celulose para a China ou União Europeia, embora esses mercados demandem menos manufaturados, reduzindo o valor agregado das exportações.

Riscos de uma Guerra Comercial

Trump alertou que qualquer retaliação brasileira resultará em tarifas ainda mais altas, o que poderia escalar o conflito comercial. Uma guerra comercial seria prejudicial para ambos os lados, com os EUA enfrentando aumento nos preços de bens como café e carne, e o Brasil sofrendo com a redução de exportações e pressão inflacionária. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que as tarifas podem custar até US$ 5 bilhões anuais às exportações brasileiras, impactando especialmente a indústria de transformação. A diplomacia, incluindo contatos com parlamentares e empresários americanos, é vista como essencial para evitar uma escalada e buscar isenções, como ocorreu com tarifas de aço em 2018.

A resposta do Brasil às tarifas de Trump exige um equilíbrio entre defesa da soberania e pragmatismo econômico. A Lei da Reciprocidade oferece ferramentas, mas a dependência do mercado americano e a ameaça de escalada limitam as opções. Para a Paraíba e o Nordeste, a diversificação de mercados e o fortalecimento da diplomacia regional serão cruciais para proteger a economia local. O sucesso dependerá de negociações estratégicas que minimizem os impactos e preservem as relações comerciais com os EUA.


Da redação com informações de BBC News Brasil
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