Tarifas dos EUA Podem Reduzir PIB do Brasil em Até 1,2%, Aponta JPMorgan
A recente imposição de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos, anunciada pelo presidente Donald Trump, pode gerar um impacto significativo na economia do Brasil. Segundo análise do JPMorgan, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode sofrer uma redução de 0,8% a 1,2% devido à medida, que entra em vigor em 1º de agosto de 2025. A decisão, que pegou o mercado de surpresa, é vista como parte de uma guerra comercial mais ampla, com reflexos diretos em setores como metalurgia, petróleo e agricultura.
Os Setores Mais Afetados
As tarifas impactam diretamente 12 grupos de produtos que representam cerca de três quartos das exportações brasileiras para os EUA, incluindo aço, alumínio, petróleo bruto, químicos, aviões, café, madeira, celulose, suco, carne bovina, equipamentos de construção e cimento. Aço e alumínio, que já enfrentavam tarifas setoriais de 50%, representam 18% das exportações totais para os EUA. Setores como papel e celulose, com destaque para a Suzano (SUZB3), que tem 16% de sua receita atrelada ao mercado americano, e bens de consumo básico, como JBS (JBSS3) e Minerva (BEEF3), também estão vulneráveis. Já setores como financeiro, imobiliário e saúde, focados no mercado interno, devem sentir menos os efeitos diretos.
Impactos Macroeconômicos e no Mercado
O JPMorgan estima que cada aumento de 10 pontos percentuais nas tarifas reduz o PIB brasileiro entre 0,2% e 0,3%. A tarifa de 50% eleva o impacto total para a faixa de 0,8% a 1,2%. A desvalorização do real, que já caiu 2,2% após o anúncio, pode pressionar a inflação, enquanto a maior disponibilidade de produtos no mercado interno pode mitigar preços. O Ibovespa, que subiu 15,4% no primeiro semestre de 2025, recuou 1,3% com a notícia, refletindo a incerteza no mercado. No entanto, as estrategistas do JPMorgan, Emy Shayo e Cinthya Mizuguchi, destacam que as tarifas não são um “fato consumado”, já que negociações podem levar a flexibilizações.
Contexto Regional: Desafios para o Nordeste
Para a Paraíba e o Nordeste, o impacto das tarifas pode ser particularmente sentido em setores agrícolas, como o café e o suco, que têm forte presença na região. A desvalorização do real pode beneficiar exportadores locais ao tornar produtos mais competitivos em outros mercados, mas a dependência do mercado americano pode limitar esse efeito. Além disso, a incerteza econômica pode frear investimentos em infraestrutura e agronegócio, áreas cruciais para o desenvolvimento regional.
Resposta do Brasil e Perspectivas
Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a adoção de tarifas recíprocas com base na Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada em abril de 2025. Economistas alertam, porém, que retaliações podem ampliar o impacto negativo no PIB e na inflação. O Goldman Sachs estima um impacto menor, entre 0,3% e 0,4% no PIB, caso não haja retaliações significativas. A diversificação das exportações para outros mercados, como a China, que já absorve parte das commodities brasileiras, é vista como uma possível solução para reduzir a dependência dos EUA.
A imposição de tarifas americanas coloca o Brasil em um cenário econômico desafiador, mas também abre espaço para estratégias de resiliência. A busca por novos mercados, o fortalecimento do comércio interno e negociações diplomáticas serão cruciais para minimizar os impactos. Para o Nordeste, o momento exige inovação e políticas públicas que protejam setores vulneráveis, garantindo a sustentabilidade econômica da região em meio às turbulências globais.
Da redação com informações de InfoMoney
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