Internacional

Trump Sinaliza Negociações Futuras com Lula sobre Tarifas de 50%, mas Elogia Bolsonaro e Critica Judiciário Brasileiro

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (11/07/2025) que está disposto a negociar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as tarifas de 50% impostas às exportações brasileiras, mas enfatizou que isso não ocorrerá imediatamente. Em declarações a jornalistas em Washington, antes de embarcar para o Texas, onde enchentes deixaram 120 mortos, Trump voltou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), chamando-o de “homem honesto” e criticando o que considera uma “caça às bruxas” no processo judicial contra ele por tentativa de golpe após as eleições de 2022.

Origem da Polêmica e Resposta de Lula

Em uma carta enviada a Lula na quarta-feira (09/07/2025), publicada no Truth Social, Trump justificou as tarifas, que entram em vigor em 1º de agosto, como retaliação à perseguição judicial contra Bolsonaro e a supostos ataques à liberdade de expressão, incluindo ordens de censura do Supremo Tribunal Federal (STF) a plataformas americanas de redes sociais. Lula rebateu as acusações, afirmando que o Brasil é uma nação soberana e que o processo contra Bolsonaro é de responsabilidade exclusiva do Judiciário brasileiro. Em entrevista ao Jornal Nacional, ele classificou como “grave” a interferência de Trump, destacando que a Lei da Reciprocidade Econômica, sancionada em abril de 2025, será usada para retaliar, se necessário.

Impactos Econômicos e na Balança Comercial

As tarifas de 50% afetarão setores cruciais das exportações brasileiras para os EUA, como aço, petróleo, café, carne e suco de laranja, que representam 12% das vendas externas do Brasil. Em 2024, o Brasil exportou US$ 40,4 bilhões para os EUA, enquanto importou US$ 40,7 bilhões, resultando em um superávit americano de US$ 300 milhões, o que contradiz a alegação de Trump de um déficit comercial. A desvalorização do real, que caiu mais de 2% após o anúncio, pode pressionar a inflação no Brasil, enquanto a Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) alerta para impactos em setores como agronegócio e manufaturas.

Reverberações na Paraíba e no Nordeste

A Paraíba, com forte presença no agronegócio, pode ser diretamente afetada pelas tarifas, especialmente em produtos como suco de laranja e café, que têm relevância na economia regional. A desvalorização do real pode beneficiar exportadores locais em outros mercados, mas a dependência do mercado americano, segundo maior destino das exportações brasileiras, gera incertezas. O fortalecimento de parcerias comerciais com outros países, como a China, pode ser uma estratégia para mitigar os impactos, enquanto o governo Lula estuda apelar à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Contexto Político e Resposta Brasileira

Lula atribuiu as tarifas à influência de Eduardo Bolsonaro, que se licenciou do cargo de deputado e se mudou para os EUA em março de 2025 para pressionar o governo Trump por sanções contra o STF e anistia aos envolvidos no 8 de janeiro. Em um evento no Espírito Santo, Lula usou um boné com a frase “O Brasil é dos brasileiros”, reforçando a narrativa de soberania nacional. Enquanto isso, Trump ameaçou elevar ainda mais as tarifas se o Brasil retaliar, mas abriu espaço para negociações futuras, conforme indicado em suas declarações recentes.

A escalada nas tensões comerciais entre Brasil e EUA reflete não apenas disputas econômicas, mas também alinhamentos políticos, com Trump apoiando Bolsonaro e criticando o STF. Para o Brasil, o desafio é equilibrar a defesa da soberania com a busca por uma solução diplomática que minimize os impactos econômicos. A resposta de Lula, centrada na Lei da Reciprocidade e na OMC, sugere uma abordagem cautelosa, mas firme, em um momento crucial para a economia e a política nacional.


Da redação com informações de BBC News Brasil
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