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Zanin Agenda Julgamento de Bolsonaro por Tentativa de Golpe para 25 de Março

Zanin Agenda Julgamento de Bolsonaro por Tentativa de Golpe para 25 de Março

Denúncia da PGR contra ex-presidente e aliados será analisada pela 1ª Turma do STF, que decidirá se abrem processo penal.

O ministro Cristiano Zanin, presidente da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para 25 de março de 2025 o julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados por suposta tentativa de golpe de Estado. A decisão veio horas após o ministro Alexandre de Moraes liberar o caso para análise da turma, composta por Zanin, Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino. A sessão definirá se a denúncia será aceita, transformando Bolsonaro e outros indiciados em réus — um passo crucial, mas preliminar, que avalia a solidez das acusações, não a culpa.

O Caminho até o Julgamento

A denúncia, apresentada pela PGR em fevereiro de 2025, aponta Bolsonaro como líder de um núcleo “crucial” que planejou subverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. O caso ganhou força com a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, homologada por Moraes em 2023. Cid detalhou reuniões, minutas de decretos e ações para mobilizar as Forças Armadas contra a transição democrática, informações que a PGR considera “relevantes e válidas” para sustentar as acusações.

Mais cedo, em 13 de março, Moraes, relator do inquérito, rejeitou argumentos das defesas — que alegavam falta de provas e cerceamento de direitos — e encaminhou o processo à 1ª Turma. “As investigações reuniram elementos suficientes”, afirmou a PGR em parecer, destacando documentos, depoimentos e gravações que corroboram a trama golpista entre novembro de 2022 e janeiro de 2023.

Quem Está na Mira

A denúncia abrange oito nomes do chamado “núcleo crucial”:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente, acusado de articular o plano;
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, por suposto uso da agência para monitoramento ilegal;
  • Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, por oferecer apoio militar;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, por omissão nos atos de 8 de janeiro;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI, por participação em reuniões estratégicas;
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, por executar ordens e negociar com militares;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, por mobilizar comandantes;
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice de Bolsonaro, por integrar o planejamento.

A PGR os acusa de crimes como tentativa de golpe de Estado (art. 359-L do Código Penal), organização criminosa e incitação ao crime, com penas que podem ultrapassar 30 anos se condenados.

O Que Acontece no Dia 25?

No julgamento, os cinco ministros da 1ª Turma analisarão se a denúncia cumpre requisitos formais — como indícios mínimos de autoria e materialidade — para abrir a ação penal. Não haverá debate sobre culpa ou inocência, mas uma decisão favorável à PGR formalizará Bolsonaro e os outros como réus, iniciando um processo que pode durar anos. Se rejeitada, a denúncia será arquivada, embora a PGR possa recorrer ao plenário do STF.

A sessão, prevista para começar às 14h, será acompanhada de perto. A defesa de Bolsonaro, liderada por Frederick Wassef, promete contestar a delação de Cid, chamando-a de “fantasiosa” e “sem provas materiais”.

Contexto e Expectativas

O caso é um desdobramento do inquérito dos atos antidemocráticos, que investigou desde 2020 ações para minar as instituições. A minuta golpista encontrada na casa de Anderson Torres, o vídeo de Garnier se colocando à disposição de Bolsonaro e as interceptações de Cid com militares formam o cerne das provas. Para analistas, como André Cesar, da Hold Comunicação, “o julgamento é um teste para a estabilidade democrática e a imparcialidade do STF”.

Com Zanin — indicado por Lula em 2023 — à frente da turma, especula-se sobre um placar apertado. Dino e Moraes tendem a votar pela aceitação, enquanto Fux e Cármen Lúcia são vistos como imprevisíveis. Seja qual for o resultado, o dia 25 de março marcará um capítulo decisivo na saga jurídica de Bolsonaro, cujas implicações políticas e sociais reverberarão pelo Brasil.



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