Afinal, nossa atenção está piorando? A ciência tem a resposta


Apesar da crença popular de que a tecnologia estaria reduzindo nossa capacidade de atenção, um estudo que analisou 179 pesquisas em 32 países ao longo de 31 anos sugere o contrário. As evidências apontam que nossa atenção não está diminuindo, mas sim se adaptando a novas formas de estímulo. Embora a maneira como processamos informações tenha mudado com o uso de dispositivos digitais, isso não significa, necessariamente, um declínio cognitivo.


A ideia de que estamos mais distraídos está errada?

Frases como “não consigo me concentrar sem checar o celular a cada poucos minutos” são comuns no debate sobre a atenção na era digital. O excesso de estímulos e a constante conexão com a internet são frequentemente apontados como vilões da concentração, mas a ciência sugere um cenário mais complexo.

O pesquisador Manuel Sebastián, da Universidade Complutense, explica que o processamento de informações mudou com a tecnologia, mas isso não significa um declínio automático na atenção ou na memória. Por exemplo, textos com links tendem a ser menos memorizados, pois os hiperlinks funcionam como distrações. No entanto, essa mudança não necessariamente implica perda cognitiva, apenas um novo modo de absorver informações.


O que os estudos dizem?

Uma equipe da Faculdade de Psicologia da Universidade de Viena realizou uma ampla análise para entender se nossa atenção realmente piorou ao longo das últimas décadas. O estudo revisou 179 pesquisas conduzidas em 32 países ao longo de 31 anos e encontrou um resultado surpreendente: a atenção, em média, tem melhorado ao longo do tempo.

Isso sugere que, em vez de estarmos perdendo a capacidade de nos concentrar, estamos nos adaptando a novas formas de processamento de informação. Nossa atenção está mais dinâmica e flexível, permitindo que alternemos entre múltiplas tarefas e estímulos com mais eficiência.


Mudança ou declínio?

A questão central não é se nossa atenção está piorando, mas sim como ela está evoluindo. O mundo moderno exige que lidemos com diversas fontes de informação simultaneamente, e nosso cérebro está se ajustando a essa realidade.

Isso não significa que não existam desafios. O excesso de distrações pode, sim, comprometer a capacidade de foco profundo em algumas situações. No entanto, os dados científicos indicam que nossa mente está longe de estar em colapso – pelo contrário, estamos aprendendo a lidar com o fluxo constante de informações de maneiras mais sofisticadas.

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